
Olá, hoje posto mais um texto delicioso da Dra Claudia Klein sobre as diferenças cerebrais entre homens e mulheres.. enjoy!
HOMENS E MULHERES GANHAM QUANDO COMPREENDEM DIFERENÇAS DE LINGUAGEM ENTRE ELES
Neurociência tenta desvendar quais diferenças cerebrais movem ambos sexos

Se os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus, como se encontram na Terra? Podemos definir neurociência como um termo usado pelas disciplinas biológicas que estudam o sistema nervoso, especialmente a anatomia e a fisiologia do cérebro, inter-relacionando-as com a teoria da informação, semiótica e linguística e demais disciplinas que explicam o comportamento, o processo de aprendizagem e cognição humana bem como os mecanismos de regulação orgânica. Um dos seus ramos inclui estudar as diferenças cerebrais entre Homens e Mulheres. O que nos une? Como lidar com o que nos separa?
Bem, você já ouviu isso antes:
“Por que os homens nunca pedem ajuda?”
“Por que as mulheres falam demais?”
“Por que homens, quando estão com problemas, se isolam?”
“Por que mulheres, ao relatar um acontecimento, primeiro analisam os aspectos emocionais da história e só depois de algum tempo concluem o raciocínio para estabelecer parâmetros sobre o que fazer?”
“Os homens se especializaram na visão focal: ou é ou não é. Isso é uma herança que vem desde a pré-história, porque eles tinham que ser certeiros para conseguir alimentos e perpetuar a espécie.”
Ela diz:
-Amorrr… meu chefe não me valoriza… – E logo em seguida começa a contar tudo o que aconteceu (em detalhes, claro!)
Ele, cansado de tanto falatório, é certeiro:
– Peça demissão! – Resultado: silêncio absoluto no recinto.
Na verdade, ela não queria que ele solucionasse o problema. Ela precisava compartilhar seu sofrimento, insatisfação, angústia. Ela sabe (porque sabe!) que pedir demissão não resolve e mais ainda, ela não quer fazer isso.
Acompanhe-me aqui, na outra situação que descrevo abaixo:
Ela:
– Amorrr… Me conta… Por que você está tão calado? Amorrr, você não falou nada desde que chegou… Você não me ama mais? O que aconteceu?
Ele simplesmente responde:
– Não é nada.
Ela:
– Mas se você me contar, eu posso ajudar.
Ele se retira e vai ler jornal. Ou liga a televisão. Ele não queria (e normalmente não quer) comentar nada a respeito. Se ele estiver com problemas no trabalho, só irá sentir-se seguro novamente para ir ao encontro dela assim que organizar mentalmente uma solução. Ele precisa (além de tempo e de silêncio) esquadrinhar uma resposta.
“Já as mulheres faziam várias coisas ao mesmo tempo: compartilhavam o cuidado das crianças, faziam comida, arrumavam o lar”
Ele quer ir ver Conan, o Bárbaro, ela não está muito afim.
Ele a convida.
Ela diz um não sem convicção porque queria sair, talvez pra ver outro filme.
Ele respeita esse não rapidamente.
Ela se frustra, “… mas se ele insistisse três vezes eu até iria…”
Ela tenta: – Mas e se fossemos ver Uma Linda Mulher?
Ele diz: – Não tô afim.
Ela, achando que talvez ele tenha falado sem convicção, insiste umas três vezes. Só que ele se irrita e diz: – JÁ DISSE, NÃOOOOOOOOOOO!
Em termos antropológicos, (a ciência que estuda o homem em suas origens e em todas as suas dimensões), e até mesmo no sistema biológico dos hormônios, sabe-se que a testosterona, o hormônio masculino, tem uma concentração mais linear, ou seja, mais estável do que os hormônios femininos. Nas mulheres, uma hora é o estrógeno, na outra é a progesterona. Resumindo, a mulher tem um vai e vem de altos e baixos em seus hormônios, coisa que os homens não têm. E assim podemos concluir que esta oscilação das mulheres e esta linearidade dos homens em termos hormonais, fazem com que eles enxerguem o mundo de forma diferente.
“O Giro Reto menor pode fazer com que uma mulher tenha um cérebro mais masculino ou um homem tenha um cérebro mais feminino.”
Os homens se especializaram na visão focal, no alvo objetivamente: ou é ou não é. Isso é uma herança que vem desde a pré-história, porque eles tinham que ser certeiros para conseguir alimentos e perpetuar a espécie. Já as mulheres faziam várias coisas ao mesmo tempo: compartilhavam o cuidado das crianças, faziam comida, arrumavam o lar.
Com o advento da linguagem, segundo a professora de linguística da Universidade de Georgetown, Deborah Tannen, o discurso dos homens tende a se concentrar na hierarquia, na competição pelo poder: ou seja, eles têm que dar a última martelada na mesa, a última palavra tem que ser a deles e pronto! Enquanto as mulheres dão prioridade à proximidade e à distância, em seu comportamento, suas atitudes, o pensamento e a comunicação residem em se foi possível estreitar a aproximação ou se isto ou aquilo provocou distanciamento. Em outras palavras, completa a Dra. Tannen, um homem e uma mulher podem se afastar ou se aproximar depois de uma mesma conversa com questionamentos diferentes.
Ele pensa:
– Será que o que falamos me deixou em um nível acima ou abaixo dela?
Ela reflete:
– Isso nos aproximou ou nos afastou mais ainda?
Pois esse discurso um pouco confuso entre Homens e Mulheres foi alvo de vários estudos da neurociência. Existem diferenças sim, mas no que isso implica?
Entender tais diferenças ajuda a decifrar esses discursos, porque mulheres e homens usam linguagens próprias. E as bases dessa descoberta surpreenderam os neurocientistas. O cérebro dos homens é maior em 10 por cento do que o das mulheres, levando-se em conta a proporção de peso, porém as mulheres possuem uma comunicação maior entre os neurônios.
Mas o que faz a grande diferença é o tamanho de uma área chamada “giro reto”, que parece perceber a feminilidade de uma pessoa mais do que o sexo biológico, segundo uma pesquisa realizada por Jessica Wood e neurocientistas da Universidade de Iowa, EUA.
Vejam só que interessante – essa estrutura cerebral se correlaciona melhor com o gênero psicológico do que com o sexo biológico. Assim, as mulheres menos femininas apresentam um Giro Reto menor. Isso implica que uma mulher pode ter um cérebro mais masculino ou um homem um cérebro mais feminino.
A partir de então, questionamos se essas diferenças cerebrais advêm da natureza ou da criação. Mas sabemos hoje que essas discrepâncias são muito mais complexas do que as diferenças entre cromossomos X e Y.
A resolução do conflito está em seu reconhecimento e no estabelecimento de relações entre homens e mulheres que aceitem essas tensões como inerentes à própria vida. O mundo do futuro será um mundo onde também haverá tensões, mas num mundo ideal haverá uma compreensão mútua, diminuindo as projeções sobre o outro.
Moral da história: Atenção Homens – elas precisam ser ouvidas, compreendidas, tocadas pelo acolhimento! Não precisam de soluções imediatistas! Mulheres, atenção – eles precisam de respeito no momento do silêncio ou de introspecção! Eles estão em busca de respostas definitivas!
Por Claudia Klein – neurologista
Rua Vieira Maciel, 42. Jardim Paulista. Tels. 11 97980 0912 e 11 95330 7122
Doutora Claudia Klein, formada em Medicina em 1996 pela faculdade Medicina do ABC, Residência Medica em Neurologia em 1997 na Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo de 1997 a 2000. Especialização em Medicina chinesa, Acupuntura, Especialização em Medicina Comportamental, Especialização em mobilização de Qi mental pela Unifesp. Atua como neurologista, medicina comportamental e acupuntura.