olá, mais um texto lindo sobre o amor e a paixão escrito pela Neurologista Dra Claudia Klein…
COMO NOSSO CÉREBRO RECONHECE O SENTIMENTO DE AMOR?
Neurociência tenta explicar como o cérebro diferencia o amor e a paixão
Quem não gostaria de viver um grande amor? Muito já foi dito há séculos sobre os mistérios que regem amor e paixão. Do matemático Pascal: “O amor tem razões que a própria razão desconhece”, até Albert Einstein: “Como a ciência poderia explicar um fenômeno tão importante quanto o Amor”.
Poetas, filósofos, músicos e nos mesmos já escrevemos e lemos sobre as mais lindas poesias, canções e textos sobre o amor. Pedi a amigosque me enviassem textos que fizessem ressonância com suas almas, para entender como percebemos o amor. Algumas das mais importantes que me mandaram:
– O amor avassalador de Camões.
“Amor é um fogo arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina ferida sem doer”…
– O amor que doi na alma de Chico Buarque.
“Oh, pedaço de mim Oh, metade afastada de mim Leva o teu olhar Que a saudade é o pior tormento É pior do que o esquecimento É pior do que se entrevar”
– O amor sagrado e companheiro de Beto Guedes
‘Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo o cuidado
Meu amor
– O amor que transcende todas as formas de amar – Coríntios 13
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé….. se não tivesse Amor, nada seria…
Ciência e amor
“A paixão pode, sim, durar para sempre. Mas isso só acontece com algumas pessoas ? e ninguém sabe por quê”
Mas como o cérebro percebe e modifica sua química e seu funcionamento durante a ligação entre duas pessoas? O que acontece desde o primeiro encontro, a percepção de se estar apaixonado e a chegada do amor?
Em se tratando de amor, a neurociência ainda está engatinhando nos estudos. Uma matéria bem didática da Jeanne Callegari, publicada em Maio/2010 pela Superinteressante descreve muito bem estes estágios:
1º) Vivenciando a aproximação Olhares que se encontram, corpos que se comunicam, coisa de pele. Sim isso realmente existe, o corpo percebe essa avalanche química através do cheiro. Aí, nos conectamos com pessoas com identidade imunológica complementar a nossa.
2º) Do primeiro encontro a paixão A partir deste momento, depois da atração irresistível inicial, a química cerebral produz uma turbulência de impulsos.
1. Começa com atração sexual, com aumento da testosterona em ambos os sexos, inclusive nas mulheres
2. Depois vem a paixão avassaladora, um não vive sem o outro, o dia não começa enquanto você não me telefonar, e ai o cérebro esta repleto de dopamina.
3. Depois vem a ligação afetiva mais sólida o companheirismo, manifestado nas mulheres pela ocitocina e nos homens pela vasopressina.
3º) Bem vindos ao Amor Aqui é tudo bem mais complexo, “Enquanto crescemos, vamos criando um conceito da pessoa por quem iremos nos apaixonar”, explica Semir Zeki, neurologista da University College London e autor de estudos sobre o cérebro das pessoas apaixonadas.
Mapa cerebral do amor apaixonado
As técnicas de neuroimagem funcional permitiram mapear as regiões cerebrais ativadas e desativadas durante a paixão e o amor. As áreas cerebrais envolvidas passam a apresentar maior irrigação sanguínea, metabolismo mais intenso e maior atividade dos neurônios. As estruturas cerebrais envolvidas na paixão são a Amígdala e o Córtex pré-frontal. A amígdala é responsável pelos nossos sentimentos primitivos, como medo, raiva, euforia, tristeza. O córtex frontal é responsável pelo discernimento da razão.
Na fase inicial da paixão ativamos a Amígdala e desativamos o córtex pré-frontal, portanto existe uma gama de sentimentos primitivos misturados, com ausência total de razão. Essa turbulência emocional foi denominada pelo psicólogo social Stanley Schachter de “estranho elixir da paixão”.
Dependendo dos indivíduos envolvidos, uma experiência de paixão desenfreada pode provocar alteração de humorsemelhante à provocada por drogas como a cocaína e a anfetamina.
Como cultivar a paixão saudável?
Existem casais que estão juntos há décadas e ainda se dizem apaixonados. Cientistas dos EUA monitoraram o cérebro de pessoas nessa situação e constataram que as áreas do cérebro relacionadas à paixão e aos romances realmente se acendiam quando elas pensavam na pessoa amada. A paixão pode, sim, durar para sempre. Mas isso só acontece com algumas pessoas – e ninguém sabe por quê. Os pesquisadores disseram que esses casais têm o mesmo “mapa amoroso” cerebral que animais que mantêm os mesmos parceiros por toda a vida, como os cisnes, os arganazes e as raposas cinzentas.
Aqui vão dicas de estudos que ajudam a cultivar paixões saudáveis que propiciam amores duradouros:
– Evitem brigas pelo telefone ou via internet. Quando estamos pertinho, olho no olho a energia de paz prevalece;
– Exercite o senso de humor;
– Iniciem novas atividades em conjunto;
– Exercitar o perdão é fundamental, às vezes ser feliz é mais importante do que brigar para saber quem tem razão; – Manter ativa a paixão reafirma sentimentos de proximidade e carinho.
– E por último: COMPROMETIMENTO. Pessoas cujos comprometimentos sejam fracos interpretam o comportamento do seu parceiro mais negativamente, opõe com o tempo pode se destruir uma relação. Quando se tem firme intenção de manter um relacionamento, os problemas conjugais são mais facilmente relativizados.
por Claudia Klein – Neurologista
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Doutora Claudia Klein, formada em Medicina em 1996 pela faculdade Medicina do ABC, Residência Medica em Neurologia em 1997 na Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo de 1997 a 2000. Especialização em Medicina chinesa, Acupuntura, Especialização em Medicina Comportamental, Especialização em mobilização de Qi mental pela Unifesp. Atua como neurologista, medicina comportamental e acupuntura.